Após viverem uma experiência única, os 72 jovens que
fizeram parte da I Missão Jovem na Amazônia, organizada pela Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil, em dezembro do ano passado, resolveram escrever
ao Papa Francisco. Leia a carta enviada ao pontífice:
Querido Papa Francisco,
Somos jovens de todo o Brasil que ouviram suas palavras
na Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, em 2013, “Ide sem medo para
servir”. Diante do apelo lançado, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), juntamente com as Pontifícias Obras Missionárias (POM), organizaram a
Missão Jovem na Amazônia. Foram cerca de três mil jovens inscritos dentre as
diversas expressões juvenis da Igreja no Brasil (Pastorais da juventude,
movimentos, novas comunidades, congregações religiosas e organismos), além de
jovens vindos do Uruguai, Paraguai e Argentina. Ao final do processo de
discernimento, fomos escolhidos para passarmos 15 dias fazendo uma experiência
missionária no coração do Brasil, a região amazônica. Espalhamo-nos pelas
Dioceses de Coari, Parintins, Roraima e a Prelazia de Borba. Um fato nos chamou
atenção, enquanto nos preparávamos, nos demos conta que éramos 72 jovens
missionários. Neste momento nos sentimos iluminados pelo Evangelho que diz: “O
senhor escolheu outros 72 discípulos e os enviou dois a dois na sua frente para
toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir.” (Lc 10, 1).
Dentre toda preciosidade de ensinamentos que pudemos
partilhar em seu Pontificado, ficamos alertas e fervorosos quando disseste:
“Atenção: Jesus não disse, se vocês quiserem se tiverem tempo, mas disse: Ide e
fazei discípulos entre todas as nações; partilhar a experiência da fé, anunciar
o evangelho é o mandato que o Senhor confia a toda a Igreja, também a vocês”.
Vossas sábias palavras nos fizeram refletir juntamente com nossa mãe Igreja: “o
que Deus pretendia para nós?” A certeza que encontramos foi semelhante à de
Isaias 6,8: “E eu ouvi a voz do Senhor que dizia: Quem enviarei? Quem irá por
nós? E eu respondi: Eis-me aqui, envia-me.”.
Foi possível ver pelas Dioceses que nos acolheram, vários
povos sofridos, de diversas culturas, costumes e etnias; povos indígenas, povos
viventes as margens dos imensos e diversos rios, os ribeirinhos, povos nos
becos pobres das cidades. Foram diversas as situações encontradas, mas uma só
foi a visão que tivemos, a visão do divino presente em cada ser humano que
cruzou nossos caminhos. E a visão de que cada um se mantem presente e vivente
em Deus mesmo diante das tribulações.
Nesses dias, partilhamos lágrimas e apelos, mas também
sorrisos, gratidões, exemplos de fé, perseverança, caridade, fraternidade,
vivências estas que nos enriquecerão infinitamente. Esse ânimo missionário de
ir ao encontro dos irmãos estará para sempre fazendo morada em nossos corações,
nos tornando um grande exército jovem disposto a enfrentar toda e qualquer
batalha em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Na encíclica Evangelli Gaudium,
nos instiga dizendo: “Eu sou missão” (cf…).
Se na aparência somos diferentes uns dos outros, na
essência somos todos irmãos, feitos imagem e semelhança de Deus Pai. Estamos
conectados com Deus Cristo, que veio ao encontro de todos, sem exceção, se
fazendo amigo e irmão. Dessa maneira, reafirmamos nossa aliança com Deus,
diariamente praticando o amor fraterno, que em português claro quer dizer,
arregaçar as mangas e lutar por uma causa maior, substituir a obsessão do ter
pela noção do ser, fazendo com que a balança de nossas vidas tenda a pender
para o lado da paz e do bem.
Com nossos corações transbordantes de alegria e paz, por
essa vivência missionária, clamamos a Deus para que nos mantenha firmes na fé e
na caridade, para que inspirados pela parábola do semeador possamos sempre mais
lançar nossas sementes em corações necessitados da palavra de Deus, e que
cultivemos cada vez mais o terreno fértil de nossos corações, na esperança de
que continuem a florescer humildemente para o serviço do Reino de Deus.
Assim, queremos cumprir ardentemente o maior mandamento da lei de Deus: “Amarás
o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, com toda a tua
força e com toda a tua mente; e teu próximo como a ti mesmo”. (Lc 10,27).
Por fim, a nossa prece se traduz na seguinte frase:
“Senhor, fazei-nos instrumentos de vossa Paz”. Continuaremos contando, Santo
Padre, com suas orações e incentivo para prosseguirmos decididamente nesta
árdua e gratificante caminhada, amando cada vez mais a pessoa de Jesus Cristo e
sua Igreja.
Unidos pela oração,
Todos os 72 jovens da I Missão Jovem na Amazônia
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